Em Quatro Desentende-se Melhor

Em Quatro desentende-se Melhor

 

Meu depoimento

 

Segunda publicação da Cooperativa Geral para Assuntos da Arte.

Mais uma vez o título do Mauricio Fridman, irônico na frase e na proposta, considerando o ambiente no final dos anos 1970.

Para quem não estava lá, conto que muitos de nós nos dividíamos segundo o gênero que adotávamos. Dou como exemplo uma frase do Cassio Michalany, surpreendido com minha visita ao seu ateliê.

Eu: “ vim ver o que você anda fazendo”

Ele: “mas é pintura!” disse, estranhando meu interesse.

 

Ou o dia que encontrei Julio Plaza na Praça do Por do Sol, São Paulo, fazendo muito tempo que não nos víamos.

Ele: “ você sumiu, não nos vemos desde que se mudou para o mato. O que está fazendo?”

Eu: “ desenhando”

Ele: “DESENHANDO?”

Eu: “é. É  que gosto tanto”,

Ele: “ ah! Bom”

 

A ideia de opor modos muito diferentes não pode ser tão radical quanto almejávamos. Contavamos com amigos, gente mais próxima para que não houvesse recusa da companhia de outro como acontecia muitas vezes. Ao mesmo tempo o Maurício e eu tínhamos alguma proximidade e lembro que na ocasião telefonou-me perguntando se eu me incomodaria se ele usasse as transparências que usei para participação em TRÄMA. E em outras coisas. Fiquei honrado.

 

Convidamos Guinter Parschalk, na época com viés concretista, hoje criador de luminárias e Marcello Nitsche, escultor.

Ambos, com Maurício, são mostrados sob imagem da capa do album que se vê pressionando a botão preto de informação ao seu lado

Nota: uma das imagens do Guinter, branco sobre branco foi omitida por pouca visibilidade e a participação do Nitsche, folhas de papel de seda recortadas em formas apropriadas para que, espalhadas, permitissem montar uma paisagem, ficam dentro de sua embalagem.

Gabriel Borba, 2019 

Conjunto da Obra

Em Quatro Desentende-se Melhor

Transparências