Cadernos e Anotações esparsas
Cadernos e Anotações Esparças
Meu depoimento
Durante anos mantive anotações em cadernos ou em folhas soltas, nas quais registrava e aprimorava as minhas peças de execução mais complicada. Depois passei a fazê-lo no computador.
Conheci cadernos de outros artistas e admirei alguns: Boi, Baravelli e, recentemente, Hudinilson. E bem recenteme, janeiro 2019, guiado por Maria Alice Milliet, conheci, em exposição, umas poucas páginas de cadernos de anotações do Lasar Segal. Esses eram cadernos de recordações, de observações interessantes e de ideias a desenvolver ou de anotações de sentimentos. Um diário de “ir vivendo”. Nunca me dediquei sistematicamente a isso
Os meus cadernos são menos ricos, mais desordenados. Desenhei ideias que não podiam ser realizadas fora do ateliê; fiz anotações de ritmo, sequência ou posição de partes e instruções para um “produto final” em papel ou foto. Anotações para projeto a elaborar, anotação de aula e de leituras e, muitas vezes, demonstrações, ilustrando conversas com outros. Em geral eram como rabisco que se faziam quando em conversa telefônica ou enfrentando o tédio de uma reunião.
Não tinham autonomia nem intenção de ser “obra”. Até que outros, gente da área e curadores, deram-lhe outra feição. Francisco Salas da Galeria PM8, o mais intenso deles, recolheu algumas dessas anotações e chegou a emoldurar umas, em folha solta, e prepara-las para exposição. Vi, no MAM São Paulo, na exposição MAM 70: MAM e MAC USP, 2018, curadoria da Ana Magalhães, Felipe Chaimovich e Helouise Costa, uma carta que escrevi a mão como apresentação de algo que fiz, enviada à Kresge Art Galery, USA. Fico curioso sobre o destino que pode ser dado aos estudos de cor que têm, por vezes, cara de coisa acaba. Ou será que coisas assim só acontecem com o segmento conceitualista?
Gabriel Borba, 2019