Video Performances
Video Performances, 1980
Programa de Performance
A data mencionada é a do início do Program Video Performances. http://pinacoteca.org.br/programacao/arte-como-registro-registro-como-arte/
Video Performances
Meu depoimento
Em setembro de 1980 a Pinacoteca do Estado de São Paulo reuniu quatro de nós, José Roberto Aguilar, Ivald Granato, Genison Soares, além de mim, para o programa Video Performances. Preparando minha participação fui ao banco acertar contas e tentar algum dinheiro que me financiasse a apresentação. Sentado com um atendente, ouvi: "mas o senhor não tem saldo médio!". Tentei argumentar e ouvi explicações que não entendi , ainda que insistisse.
Desisti da trocação e sai com a convicção que o preço do dinheiro é o saldo médio. No ateliê escrevi a peça nomeada Opereta, mas que tem um título mais longo: Opereta Buférrima, o Preço do Dinheiro é o Saldo Médio.
Imaginei reconstituir a discussão com os ruídos confusos de saltinhos no piso de madeira, máquinas de escrever, conversas em sussurro, outras em voz alta..., Construi, então, uma enorme matraca, um desses instrumentos com o que os vendedores de biju chamam a atenção nos semáforos (matraca é, também, o que se diz de quem fala muito); reuni apitos de festa variados, separados por espécie em caixas, e convidei o Aguilar para atuar como parceiro. A matraca gigante ficava no chão, ele de um lado, com uma camiseta onde se lia o gerente, eu do outro, com a camiseta onde se lia o povo em geral. E a matraca era jogada de um para o outro, com barulho ensurdecedor a cada lance. No meio tempo os apitos de festa eram distribuídos na plateia, em lotes, por grupos de público, de modo que a algazarra se instalou na competição de que grupo fazia mais barulho.
Resta, ainda, notar que nenhum de nós dedicou-se a algo que ligasse o nome do programa, Video Performances.
Gabriel Borba, 2018